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Bastidores

Bonner pressiona, e Globo afasta segundo homem do Jornal Nacional

João Cotta/TV Globo

O jornalista William Bonner, apresentador e editor-chefe do Jornal Nacional, pivô de mudanças na Globo - João Cotta/TV Globo

O jornalista William Bonner, apresentador e editor-chefe do Jornal Nacional, pivô de mudanças na Globo

DANIEL CASTRO

Publicado em 25/2/2015 - 5h43
Atualizado em 25/2/2015 - 16h35

[Texto originalmente publicado às 5h43 de 25/2/2015]

A Globo promoveu nesta semana uma dança das cadeiras na direção de alguns de seus programas jornalísticos. A mudança mais relevante é a saída Luiz Fernando Ávila do posto de editor-chefe adjunto do Jornal Nacional, cargo que ocupava desde 2007, o segundo na hierarquia do principal telejornal brasileiro, abaixo apenas do editor-chefe, William Bonner. A Globo diz que Ávila foi "promovido" a editor-chefe do Jornal Hoje, um jornal menos importante. Nos bastidores da emissora, a versão corrente é a de que Bonner pediu a cabeça de Ávila, com quem vinha tendo atritos. Ávila nega (veja carta ao final deste texto).

A saída de Ávila causou um efeito cascata: Teresa Garcia, atualmente editora-chefe do Jornal Hoje, vai assumir a chefia de Redação da Editoria Rio, no lugar de Márcio Sternick, que passará a ocupar a chefia de Redação de Rede, função exercida por Monica Barbosa, que por sua vez será deslocada para a chefia de Redação do Globo Repórter. No lugar de Ávila no JN, entrará o editor Fernando Castro.

Como editor-chefe adjunto do Jornal Nacional, Ávila era o profissional que de fato fazia o telejornal andar, tomava as decisões que resultavam nas principais reportagens e grandes coberturas do telejornal. Um dos responsáveis pelo Emmy de 2011, pela cobertura da ocupação militar do morro do Alemão, no Rio de Janeiro, o jornalista estava em choque com Bonner.

Segundo uma fonte no JN, Bonner vinha pressionando Ávila. O relacionamento dos dois estava péssimo e piorou ainda mais recentemente, quando Bonner tirou do Jornal Nacional um editor que é amigo pessoal de Ávila. O editor-chefe adjunto não foi consultado sobre a "demissão" do amigo, comunicada à equipe em uma reunião em que ele não estava.

Apesar da fama de bom-moço, nos bastidores da Globo Bonner é tido como um profissional exigente, quase insuportável. Ele foi pivô da queda de Patrícia Poeta no Jornal Nacional, em setembro do ano passado.

A Globo nega que Bonner e Ávila tenham tido qualquer desavença. A versão oficial é a de que Ávila foi "promovido", em uma "movimentação natural de qualquer Redação".

De acordo com profissionais do jornalismo da Globo, no entanto, Ávila não ficou nem um pouco satisfeito com a mudança, já que foi "promovido" a um telejornal que a cúpula da emissora dá pouca importância, quando o natural, como já ocorreu com outros profissionais que ocuparam seu cargo, seria uma vaga de diretor na emissora.

Luiz Fernando Ávila com o Emmy de jornalismo conquistado pelo Jornal Nacional em 2011

Após a publicação deste texto, Luiz Fernando Ávila enviou a seguinte carta:

"Caro Daniel Castro,

li, estarrecido e indignado sua nota sobre a minha promoção a editor-chefe do Jornal Hoje. Nada ali escrito é verdadeiro. Trabalho no JN como adjunto há 8 anos e nunca tive sequer um atrito com William Bonner, o editor-chefe.

Ao longo dos anos tenho tido um enorme prazer em fazer parte da equipe do Jornal Nacional e em ser amigo pessoal do William. Juntos, enfrentamos inúmeros desafios. Aprendemos muito um com o outro e solidificamos uma amizade que é superior a nossa relação profissional.  Não procede, em hipótese alguma, sua referência a pressões que ele tenha exercido pra que eu deixasse o cargo de editor-chefe-adjunto do Jornal Nacional. Tivesse você tido acesso às nossas conversas dos últimos dias, teria vergonha de ter publicado o que publicou. Tenho respeito e admiração por ele. E sei que isso é recíproco. É meu amigo querido há mais de 20 anos.

Todos se sentem envaidecidos quando veem o seu trabalho reconhecido. E foi o que aconteceu comigo ao ser convidado a ser editor-chefe de um telejornal líder de audiência. Me senti feliz e honrado. De adjunto, passarei a editor-chefe, com novos desafios. 

Sobre o meu trabalho no JN, as decisões sempre foram tomadas pelo William, como todos aqui sabem. Ao dizer coisa diferente, você me pôs numa situação ridícula para quem conhece o nosso trabalho. O meu papel, como o de qualquer adjunto, era de auxiliá-lo. Digo isso para fazer justiça. E a lógica está a meu favor: se os papéis fossem trocados, como você sugere, que sentido faria a minha substituição? Era adjunto num jornal em que eu adorava trabalhar, com colegas maravilhosos, e com William, que, além de chefe, é  meu amigo pessoal há mais de 20 anos, repito. 

Nunca houve desentendimento sobre a demissão de um amigo meu, que teria me irritado. Não sei a que você se refere. 

Fiquei vermelho também com a sua menção à cobertura do Alemão e ao Emmy: quem conhece TV sabe que uma cobertura como aquela reúne, literalmente, todo um departamento. Foram centenas de profissionais envolvidos. Colocar-me como peça-chave, me põe numa situação novamente ridícula diante dos colegas, principalmente da Editoria Rio, que sustentaram uma cobertura ao vivo de mais de sete horas e, num esforço conjunto, lado a lado, ajudaram a compor a edição do JN daquele dia, com a participação de meus superiores, como é comum em casos graves como aquele.

Sugiro que, daqui pra frente, você avalie melhor suas fontes pra não ocorrer em novos erros grosseiros como os de agora."


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