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Crítica | Novela das nove

Império se arrasta com lenga-lenga, vilã digna de pena e drama frouxo

Reprodução/TV Globo

Alexandre Nero, como José Alfredo: relação do comendador com ninfeta não avança - Reprodução/TV Globo

Alexandre Nero, como José Alfredo: relação do comendador com ninfeta não avança

RAPHAEL SCIRE

Publicado em 13/10/2014 - 18h16

É inegável que Império é uma novela com qualidades que estavam em falta nas últimas tramas das nove da Globo. Folhetinesca, Império trouxe de volta os ganchos essenciais ao gênero, tem um texto inteligente e equilibrado entre o drama e o humor, além atuações e direção seguras.

Mas de uns tempos para cá, a novela vem sofrendo com um problema do qual poderia tranquilamente se ver livre: a falta de acontecimentos e aquela sensação que o telespectador tem de que vem sendo enrolado. Essa falta de ação pode ser justificada pelo horário eleitoral em vigor, que derruba a audiência da história _é preciso, porém, considerar a capacidade da trama de elevar os baixíssimos índices que recebe da propaganda política.

O último grande acontecimento da história foi a saída involuntária de Cláudio (José Mayer) do armário. A recente revelação do teste de paternidade de Cristina (Leandra Leal) e José Alfredo (Alexandre Nero) tem potencial, mas ainda não movimentou a trama, visto que tudo não passou de uma armação de Cora (Drica Moraes), a ser confirmada.

Por falar na vilã, ela é uma das maiores decepções da história: se na primeira fase tinha tudo para ser maquiavélica, agora tem se demonstrado uma vilã digna de riso. Tudo bem que ela tem uma sexualidade reprimidíssima, mas cheirar a cueca de um michê não faz dela má, apenas digna de pena.

A vilania da história foi transferida para outro personagem: o blogueiro afetado Téo Pereira (Paulo Betti), cujo blog estampa as notícias que movimentam o folhetim, como a publicação do falso teste de DNA e a revelação da bissexualidade de Cláudio. Téo, porém, esconde suas maldades com as tintas do humor que carrega.

Se levarmos em conta que o mercado de cerimonialistas é bastante frequentado por profissionais gays, é de constatar forçado o drama pelo qual Cláudio passa ao ter contratos de festas cancelados por causa da exposição pública de sua orientação sexual. Simplesmente não convence.  

Colocar personagens falando sozinho é um erro básico de roteiro e Império comete esse deslize. Cora e Téo, aliás, são os que mais planejam suas maldades conversando com o vento. Não precisava, visto que o texto de Aguinaldo Silva é um dos melhores pontos da novela.

Outra engabelação é a história do comendador com sua “sweet child”, a ninfeta Isis (Marina Ruy Barbosa), uma relação que não avança, ainda que possa explodir quando o triângulo amoroso se formar (se se formar), tendo na outra ponta o filho do protagonista, o perturbado João Lucas (Daniel Rocha).

Por outro lado, o núcleo formado por Magnólia (Zezé Polessa) e Severo (Tato Gabus Mendes) é um dos mais originais da história de Aguinaldo Silva. O casal encostado que incentiva os filhos a explorarem seus corpos em troca de dinheiro poderia (e teria tudo para) cair na vilania, mas, assim como Téo, tomou o rumo do humor e a aceitação do público foi imediata.

Apesar de toda a irregularidade que vem apresentando nos últimos capítulos, Império segue como uma novela com qualidades. É de se torcer para que assim que o horário político acabar, o lenga-lenga da história também fique de lado e a novela, finalmente, pegue fogo.


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