No Rancho Fundo faz homenagem secreta a mulher pioneira que foi apagada

Um diálogo de Zefa Leonel (Andrea Beltrão) com o padre Zezo (Nanego Lira) pode até ter passado despercebido pelos telespectadores nesta quinta (2) em No Rancho Fundo. O autor Mário Teixeira, porém, fez um trocadilho com uma das figuras mais influentes nas artes plásticas e na literatura latino-americana --a escritora argentina Silvina Ocampo (1903-1993).

Ocampo foi mulher de um dos maiores escritores da Argentina, Adolfo Bioy Casares (1940-1993), por quem foi ofuscada. Ela também era irmã de Victoria Ocampo (1890-1979), responsável por editar e revelar inúmeros nomes da literatura sul-americana na revista Sur.

RIXA DO PASSADO

Em No Rancho Fundo, Deodora abre o jogo e revela sua história com Zefa Leonel

FAZ AS PAZES

Em Renascer, Meire dilacera corações com pedido de perdão: ‘Era garoto normal’

Silvina foi redescoberta recentemente por editores e por acadêmicos, que passaram a considerá-la como "fundamental" para entender a cultura e arte argentina no século 20.

A escritora foi mencionada com o gênero trocado e fazendo jus a sua obra influenciada pelo surrealismo numa justificativa mirabolante de Zefa. Ela citou um antepassado homônimo para dizer que é dona das terras em que foram encontradas turmalinas-paraíbas.

"Estou lhe dizendo padre, essa gruta está nas terras da minha família há mais de cem anos", iniciou a garimpeira, que foi além:

Meu pai era filho de Rosilene, meu avô era neto de Silvino Ocampo, que teve dezesseis filhos mais Ricardino. O pai de Silvino Ocampo é quem chegou primeiro, que veio de Itapipoca, era aparentado dos freitas das contendas. O pai de Silvino Ocampo foi quem ficou o primeiro mourão de cerca naquelas terras.

Santo do pau oco

Padre Zezo também foi responsável por outra menção histórica, a do santo do pau oco. Ele escondeu a turmalina de Zefa dentro de uma imagem de Santo Antônio. Os párocos eram conhecidos por esconder ouro dentro de suas imagens em Minas Gerais --explicando que estavam pesados por causa dos pecados de seus fieis.

O ouro era utilizado tanto em prol pessoal quanto para questões mais altruístas, como a compra de cartas de alforria para pessoas escravizadas.