Ganhadora do Globo de Ouro, atriz prefere não saber de prêmios: 'É estressante'

Na noite do último domingo (7), Da'Vine Joy Randolph levou o Globo de Ouro de melhor atriz coadjuvante por seu trabalho no filme Os Rejeitados, que estreia no Brasil nesta quinta-feira (11). Ela já venceu mais de duas dezenas de prêmios pelo longa e é uma das favoritas ao Oscar deste ano. Mas admite que prefere não ser informada sobre suas chances nem ficar acompanhando especulações.

"Eu instruí minha equipe, de uma maneira gentil mas firme, a não divulgar nenhuma dessas informações para mim. Eu não quero saber nem a data em que vão revelar os indicados", revela Da'Vine em conversa com o Notícias da TV. "Eu estava no meio de uma entrevista quando descobri que tinha vencido o prêmio da Associação de Críticos de Nova York, por exemplo."

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"É tudo muito estressante, mas pelo menos a coisa toda se torna um pouco mais digerível para mim se eu não souber. Porque, no fim das contas, você se importa, o seu trabalho importa. Você fica tanto tempo naqueles estúdios, criando aquela arte e torcendo para que ela afete as pessoas", continua a atriz.

"Você espera que seu trabalho seja reconhecido e respeitado pelos seus colegas, é claro. Então, estou explodindo de felicidade e muito grata por tudo o que está acontecendo. Mas, ao mesmo tempo, tento me manter um pouco distante de toda essa loucura para não perder meu sono", reconhece.

reprodução/tnt

Da'Vine discursa após levar o Globo de Ouro

Os Rejeitados se passa em um colégio interno só para garotos e começa em dezembro de 1970. No recesso de fim de ano, os alunos voltam às suas casas para passar as festas com as respectivas famílias. Mas cinco jovens que não podem retornar precisam ficar na escola, e o professor Paul Hunham (Paul Giamatti, também premiado com o Globo de Ouro) é escalado para supervisioná-los durante o recesso.

Da'Vine interpreta Mary Lamb, chefe da cozinha do colégio que também passa o recesso no local. Ela recentemente perdeu o filho na Guerra do Vietnã (1955-1975) e sofre com o luto em meio a um monte de adolescentes ricos e mimados. Fumante inveterada, a cozinheira tem uma relação de tolerância com Paul e desenvolve um elo inusitado com Angus Tully (Dominic Sessa), que se preparava para uma viagem paradisíaca no fim do ano quando foi rejeitado pela mãe e pelo padrasto e se viu preso na escola.

A atuação de Da'Vine tem conquistado os críticos porque, apesar de enfrentar a maior dor que uma mãe pode viver, Mary transmite seu luto no olhar e nos gestos, em uma atuação contida --ela não tem aquela típica cena desesperada de dramalhão, em que a personagem debulha rios de lágrimas.

"Nós fizemos algumas tomadas diferentes, e em algumas delas a Mary chegava a se jogar no chão, chorando. E aquilo seria justificado e faria sentido se [o diretor] Alexander Payne tivesse decidido usar aqueles momentos também. Mas nós fomos experimentando, testando possibilidades", ressalta.

"Na escola de atuação, me ensinaram que você tira mais resultado de uma cena dramática quando mostra a luta do que quando se rende às emoções, sabe? O público se envolve mais se você está tentando segurar as lágrimas. Então. eu sabia que queria brincar com aquilo", diz Da'Vine.

"Eu só não imaginava que seria tão difícil (risos). Chegou um momento em que até eu falava: 'Por favor, deixe ela liberar alguma coisa!'. Mas aquilo tudo me colocou meio que na situação perfeita, em um desconforto que era bom, se é que isso faz sentido. Nós fizemos o que era necessário, entendemos como aquela mulher levaria a vida dela [depois de uma perda tão grande]."

A atriz de 37 anos ainda aponta que, por ser uma mulher simples em uma escola de elite, Mary não pode se dar ao luxo de sentir dor. "Demonstrar suas emoções é um privilégio. E ela não tem esse privilégio no meio de todas essas pessoas. Esse desconforto define como ela vive e também como o mundo a levou a viver daquela maneira", filosofa Da'Vine.

Os Rejeitados estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta (11). Confira o trailer legendado da produção: