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PAUL GIAMATTI

De olho no Oscar, ator revisita passado e honra família com professor durão

Divulgação/Universal Pictures

Paul Giamatti está no púlpito de um professor em frente a lousa em cena de Os Rejeitados

Paul Giamatti pode ser grande surpresa do Oscar 2024 por seu trabalho em Os Rejeitados

LUCIANO GUARALDO

luciano@noticiasdatv.com

Publicado em 16/1/2024 - 14h00

Os indicados ao Oscar 2024 serão anunciados na próxima terça (23) e, se havia qualquer dúvida de que o nome de Paul Giamatti apareceria na corrida de melhor ator, ela se dissipou nos últimos dias. Após vencer o Globo de Ouro e o Critics Choice Awards por seu trabalho em Os Rejeitados, o intérprete agora está envolvido em outra questão: ele vai conseguir bater o favorito Cillian Murphy (de Oppenheimer) e levar seu primeiro prêmio da Academia?

Em conversa exclusiva com o Notícias da TV, o ator desconversa sobre sua chance nas premiações e repassa os créditos a outros elementos de Os Rejeitados. "Acho que boa parte do mérito é do Alexander Payne [diretor], que escolhe as pessoas certas para cada função. Depois, é do roteiro [de David Hemingson, que fez carreira em animações da Disney para a TV]. Só depois dessas duas coisas é que vem o meu trabalho", minimiza.

Giamatti reconhece, no entanto, que o trabalho de Payne ganhou novas camadas com sua atuação. "Acho que Alexander imaginou que eu entenderia muitas coisas desse personagem por causa do meu passado, então fazia sentiado para ele me escalar", conta o ator, que já havia trabalhado com o cineasta em Sideways - Entre Umas e Outras (2004) --longa indicado a cinco Oscars e premiado com a estatueta de melhor roteiro original.

Apesar da produção ter sido um sucesso de crítica e de ter seduzido o público, Giamatti e Payne nunca mais tinham trabalhado juntos --até agora. "Nós nos vemos com frequência, não é como se eu não tivesse me encontrado com ele durante 20 anos. Mas é muito fácil filmar com ele, porque ele é o melhor diretor que já conheci. Tudo dá certo: ele deixa a equipe relaxada, mais leve, e demonstra interesse por cada um que está ali", elogia o artista.

Os Rejeitados é situado em um colégio interno só para garotos em dezembro de 1970. Giamatti interpreta Paul Hunham, um professor de História especializado em civilizações antigas que leciona em um colégio interno só para garotos. Com o recesso para as festas de fim de ano, boa parte dos alunos volta para casa, mas cinco estudantes precisam ficar na escola por não terem para onde ir, e o docente é escalado para supervisioná-los.

O problema é que todo o conhecimento acadêmico do professor não se estende para o seu lado social. Com linguajar antiquado, um temperamento detestável e uma vontade de pregar bons costumes nos quais nem ele mesmo acredita, Hunham é alvo fácil para as piadas de seus alunos --ter um olho de vidro e um hálito fedorento também não o ajudam.

Aos poucos, porém, sua casca vai se quebrando e ele acaba criando uma relação quase paternal com Angus Tully (Dominic Sessa), um dos cinco alunos rejeitados por suas famílias em pleno Natal. Também se aproxima de Mary Lamb (Da'Vine Joy Randolph, favorita ao Oscar de atriz coadjuvante), responsável por coordenar a cozinha do colégio e em processo de luto após perder o único filho na Guerra do Vietnã (1955-1975).

Como o passado de Paul Giamatti pode ter ajudado na construção de um personagem tão odiável? Bem, por dois motivos. O primeiro é que ele estudou em um colégio inteiro na adolescência e viveu aquele universo retratado no longa. "Eu fui para a escola pouco depois da época em que Os Rejeitados se passa, então pude presenciar um pouco daquilo na minha vida real."

"Muitos dos professores como os do filme ainda estavam por lá. Eles nunca vão embora, por mais que queiram (risos). É assim com Hunham também, ele quer muito ir embora, mas não consegue! Só que eu não morava no internato, podia ir embora no fim do dia, o que me deu uma perspectiva diferente. Não consigo imaginar viver em um lugar daqueles, porque eles eram brutais. Acho que hoje são melhores. Espero que sejam, pelo menos", conta.

"Mas eu tive uma boa educação. Aliás, aprendi mais lá do que na faculdade. Alguns dos professores do internato deveriam lecionar na universidade, e acho que isso aumenta a frustração deles. Certamente aumenta a frustração de Paul Hunham, que é um intelectual, mas não tem doutorado, não pode buscar voos mais altos. Ele é um homem muito frustrado."

O segundo motivo que aproxima Giamatti de Hunham é que o ator nasceu em uma família de professores. O pai lecionava em uma universidade, a mãe em um colégio, seus avós também eram docentes... "Acho que foi inconsciente, mas eu tinha toda essa vivência pessoal para me inspirar. Vendo o filme, percebo alguns momentos em que faço algo que um amigo do meu pai fazia. Era um homem que ficava entretido com a própria sagacidade. Não foi intencional, mas me peguei repetindo ações que tinha visto nele no passado."

Outras inspirações foram mais explícitas. "A equipe de figurino tinha separado um casaco para mim, mas eu recusei. Falei: 'Não é esse, eu preciso de um casaco de lã com botões alternados e um capuz'. Porque era isso que aqueles homens vestiam. Meu pai usava, os amigos dele também. Uns casacos horríveis (risos). Mas eu senti que precisava de um, porque era algo que havia marcado muito a minha memória", lembra o ator.

Ator revela o que busca em seus papéis

Na ativa desde 1989 e com dezenas de séries e filmes no currículo, Paul Giamatti chegou a um ponto de sua carreira em que pode se dar ao luxo de fazer apenas papéis que chamem a sua atenção. Mas o que um personagem precisa ter para saltar aos seus olhos? Nem ele sabe direito.

"A verdade é que eu nunca sei o que estou buscando. Eu nunca falo para meus agentes: 'Eu quero fazer algo assim ou assado, me encontrem um projeto com isso'. Fico aberto para tudo o que vier. Às vezes eu acho que sou aberto até demais (risos), mas eu gosto de ser chamado", explica.

"Pode soar idiota, mas se eu não consigo parar de ler o roteiro, já é algo que vou considerar. Porque, nesses anos todos, eu já li tantas coisas que às vezes não me chamam mais a atenção. E, conforme eu vou virando as páginas, eu começo a me imaginar dizendo aquelas falas. Mas não tem uma fórmula."

"Na verdade, eu só preciso de uma história interessante. Porque, se ela for ruim, você pode ter os melhores atores e a melhor equipe, nada disso vai fazer diferença, o filme não vai ficar bom. Então, se eu tiver mesmo que dizer o que procuro em um projeto, acho que é isso: precisa ter uma boa história", finaliza.

Os Rejeitados já está em cartaz nos cinemas brasileiros. Confira o trailer:


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